sábado, 27 de maio de 2017

Futuro dos oceanos está nas nossas mãos

O branqueamento e a morte dos corais têm ocorrido um pouco por todo o mundo, inclusive em Portugal. A culpa é maioritariamente da acção humana. Um fenómeno que só é revertível se forem feitas mudanças nos comportamentos das pessoas. Urgentemente.


Não é um fenómeno que se fica pela Grande Barreira de Coral, na Austrália. Os corais estão a morrer em várias zonas do planeta. A notícia é péssima. A réstia de esperança assenta no facto de ainda poderem ser salvos e, em grande medida, depende de nós. Saiba o que pode fazer para proteger o oceano.

Desde o início do ano, já demos conta de duas notícias desastrosas sobre a questão do branqueamento dos corais. Dois terços da Grande Barreira de Coral australiana desapareceram. Mais de 70% do maior recife de coral do Japão morreu em 2016. A morte dos corais corre mundo. Desde a costa do Panamá, passando pela China, até chegar inclusivamente a Portugal. Os números são depressivos. Nos últimos 30 anos, a Terra perdeu 27% dos recifes de coral. A tendência aponta para que desapareçam muitos mais.

O que são os recifes de coral? Pode parecer que os corais são um único e gigante organismo, mas na verdade trata-se de um ecossistema no qual milhares de pequenas criaturas vivem conectadas. Formam colónias que funcionam como hospedeiras de microalgas – de nome naturalmente estranho: zooxanthellae – com quem vivem em simbiose. São estas algas que lhes fornecem comida e conferem às colónias as cores vivas características dos recifes.

Da poluição à doença, são vários os factores que provocam irritação nos corais, levando-os a expulsar a alga, sem a qual não sobrevivem. Dá-se o fenómeno de branqueamento, restando apenas o esqueleto do coral. A morte não é certa. Restabelecer a temperatura fria da água ou remover os poluentes pode ajudar os corais a recuperar.

O branqueamento tem sido mais frequente e visto com maior intensidade. Em 2016, verificou-se o pior registo de que há memória, válido ainda este ano. Se não forem tomadas medidas urgentes, se não houver melhoria das condições, os corais têm sentença marcada.

Porque é importante salvá-los? Cerca de 25% da vida marinha depende do habitat criado pelos recifes de coral. Pode parecer exagero, mas também nós dependemos do oceano para a nossa própria existência. Milhões de pessoas em todo o mundo dependem dos recifes para alimentação, turismo, emprego e até protecção contra eventos climáticos extremos. Além disso, os oceanos funcionam como o principal regulador térmico do planeta. Absorvem mais de um quarto do dióxido de carbono libertado pelas actividades humanas. Desempenham um papel importante nas condições climáticas. Além de comida, fornecem-nos energia, oxigénio e múltiplos recursos.

Com a chegada do Dia Mundial dos Oceanos – festejado a 8 de Junho – este é o melhor momento para nos focarmos numa das maiores ameaças à saúde aquática. O lema é simples: oceano saudável, planeta saudável.

Qual o perigo que enfrentamos actualmente? Acima mencionámos que o desencadear deste fenómeno se dá pela influência de vários factores. Pesca excessiva, invasão de espécies, acidez, fazem parte da combinação fatal. No entanto, o principal responsável pela morte dos corais é o aquecimento global. Há várias décadas que a comunidade científica chama a atenção para os perigos da queima de combustíveis fósseis a um ritmo acelerado.

As consequências notam-se no crescente aquecimento da superfície terrestre e oceânica – aproximadamente 1 grau Celsius desde 1880. Parece pouco? O limite está nos 2°C, acima do qual se temem consequências catastróficas, com as quais será muito mais difícil e oneroso lidar. Estudos recentes apontam para que as temperaturas globais subam 1,5 graus em menos de uma década. O calor até agora acumulado devido às emissões humanas é aproximadamente igual ao calor que seria libertado por 400.000 bombas atómicas de Hiroshima a explodir em todo o planeta diariamente.

É assustador. Mas de nada valeu o aviso. As emissões de gás continuam a aumentar e, neste momento, a temperatura no fundo do oceano é alta o suficiente para que qualquer alteração significativa represente um enorme risco para os recifes – como foi o caso do mais recente El Niño, cujos efeitos se verificaram no decorrer de 2016 e são ainda hoje visíveis. As alterações climáticas vistas como uma ameaça do futuro têm afinal representatividade no presente. Isto no que toca aos oceanos, ou mais especificamente, aos recifes de coral.

O que podemos fazer para proteger o oceano? Temos duas opções: ajudar na protecção dos oceanos ou não fazer nada e deixar que a devastação continue. Se optarmos pela primeira hipótese, então podemos começar por reduzir as pegadas de carbono que vamos deixando ao longo dos tempos. Utilizar sacos reutilizáveis, fazer a instalação de termóstatos inteligentes, colocar lâmpadas eficientes, desligar as luzes das divisões que não estamos a utilizar, conduzir menos ou usar mais os transportes públicos, evitar o desperdício alimentar e comer menos carne. São pequenas alterações que fazem uma enorme diferença se milhões de pessoas cumprirem com a sua parte.
Fonte: Sabado


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