sábado, 22 de outubro de 2016

Mundo vive uma explosão na população de águas-vivas?


Ao longo da última década, surgiu uma especulação de que as águas-vivas estariam prestes a tomar conta dos oceanos. Muitos cientistas chegaram a defender que as populações destes animais estariam aumentando em todo o mundo em certas épocas e regiões do planeta.

No entanto, segundo uma pesquisa recentemente publicada pela revista Global Ecology and Biogeology, esta ideia parece não ter fundamento, devido a problemas na metodologia de estudos anteriores.
A bióloga Marina Sanz-Martín e seus colegas do Instituto Mediterrâneo de Estudos Avançados, na Espanha, resolveram analisar a literatura científica sobre os surtos desses animais desde antes de 2012. Eles acabaram por descobrir que muitos cientistas que discursavam sobre o assunto não estavam bem fundamentados.
“Há uma tendência de um artigo acabar validando e dando solidez a outro anterior apenas por citá-lo. Isso significa que algumas descobertas são exageradas ou até distorcidas de uma pesquisa para a outra”, disse Sanz-Martín.
Segundo ela, praticamente metade dos estudos analisados citavam outros artigos de maneira incorrecta, mas um deles se mostrou particularmente sujeito a falhas de interpretação. A cientista Claudia Mills publicou um artigo em 2011, questionando se o mundo estaria às vésperas de um surto global desses animais. Sem uma reposta definitiva, ela intitulou o trabalho de “As populações de águas-vivas estão aumentando globalmente em reposta às mudanças nas condições dos oceanos?”.
Apesar de Mills não ter chegado a uma resposta definitiva no seu artigo, muitos cientistas acabaram citando o trabalho, assumindo que ela defendia o “sim”. Anos depois num congresso sobre surto de águas-vivas na Califórnia, a cientista testemunhou o impacto de seu trabalho. “A maioria dos presentes acreditava que as populações estavam aumentando. Foi um choque perceber que nenhum deles se dignou a ler meu artigo, que na realidade era bem equilibrado”. Para a investigadora, a própria quantidade de estudos disponíveis pode ser uma das causas do problema. “É muito difícil lidar com tanta informação e conseguir um equilíbrio de argumentos”.
Segundo um estudo de 2010, 25% das citações que aparecem em artigos de biologia marinha são distorcidos ou mal interpretados. As descobertas de Sanz-Martín, entretanto, não significam necessariamente que as populações não estejam aumentando. O que elas dizem é que a maior parte das evidências que existem actualmente não é confiável.



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