quinta-feira, 9 de junho de 2016

8 motivos que fazem do polvo o 'gênio' dos oceanos


A notícia, divulgada em Abril, de que um polvo conseguiu escapar do Aquário Nacional da Nova Zelândia pode ter surpreendido muita gente. Mas só veio a confirmar o que muitos cientistas já suspeitavam: que essa espécie é uma das mais inteligentes do planeta.
Inky, o polvo fugitivo, aproveitou a tampa entreaberta do seu tanque e, durante a noite, conseguiu sair, atravessou uma sala até encontrar um ralo aberto e espremeu-se por um cano de 50 metros de extensão até chegar ao mar aberto.
Oito comportamentos já observados nestes animais que ilustram como eles são mais espertos do que pensamos.

1. Capacidade de planear



A psicóloga Jennifer Mather, da Universidade de Lethbridge, no Canadá, estuda polvos desde 1972. Mas foi durante uma pesquisa de campo nas Bermudas, há mais de 30 anos, que ela se deparou com a primeira demonstração de inteligência por parte do animal.
Ela observou que um polvo-comum (Octopus vulgaris) caçava caranguejos e os levava para a sua toca para comê-los. Antes da refeição, no entanto, o animal catou algumas pedras para criar um espécie de barreira e impedir que as presas fugissem.
Segundo Mather, esse e outros exemplos mostram que o polvo tem a capacidade de fazer previsões e de sequenciar acções.
"Ali estava um animal com uma imagem mental clara do que ele queria. E que conseguiu fazer um planeamento, o que é muito diferente de uma simples resposta a um estímulo, mais comum em outros bichos", afirma.

2. Bem equipado



Em 2009, Julian Finn e seus colegas do Museu Victoria, em Melbourne, na Austrália, conseguiram demonstrar que polvos sabem usar objectos como ferramentas.
Um grupo de polvos-venosos (Amphioctopus marginatus) desenterrava cascas de coco que foram jogadas no mar e, em seguida, as limpava com jactos de água. Alguns empilhavam cuidadosamente as cascas e as carregavam por até 20 metros para usá-las para montar um abrigo.
Finn chamou a atenção para o facto dessa movimentação deixar o animal mais vulnerável a predadores, por ser mais lenta e dispendiosa. "Isso mostra que o polvo está disposto a aceitar riscos em troca de Protecção para o futuro", afirma.

3. Brincalhão



Cientistas sempre defenderam que o acto de brincar é algo peculiar de animais com elevadas habilidades cognitivas, já que não serve a nenhuma função imediata a não ser a diversão.
Mather quis investigar se os polvos sabem brincar e estabeleceu uma experiência no Aquário de Seattle (EUA). Colocou oito polvos-gigantes (Enteroctopus dofleini) em tanques vazios e, ao longo de diversos testes, deu-lhes  frascos de plástico
No início, todos os animais levaram os frascos à boca, descartando-os ao perceberem que não era algo comestível. Depois de um tempo, dois deles começaram a jogar jactos de água nos frascos, que iam rolando até o outro lado do tanque e voltavam aos polvos com a corrente de água.
Para Mather e os outros investigadores, trata-se de uma forma de brincadeira exploratória, semelhante ao que crianças fazem ao brincarem com objectos desconhecidos.
"Quando um polvo está numa situação nova, a primeira coisa que ele faz é explorar", afirma a cientista.

4. Tentáculos temperamentais

Mather e o biólogo Roland Anderson, do Aquário de Seattle, já tinham tentado estudar a diferença nas personalidades de cada polvo.
Profissionais que trabalham com esses animais têm o costume de dar nomes a eles porque percebem que cada um se comporta de uma maneira consistente e diferente dos demais.
Numa experiência com 44 polvos-rubi (Octopus rubescens), um investigador visitava o tanque a cada dois dias, colocando o seu rosto perto da tampa, tocando os animais com uma escova e oferecendo caranguejos a eles.
Foram observadas 19 respostas diferentes e consistentes. Alguns polvos eram mais passivos, enquanto outros eram mais curiosos.
Em um estudo subsequente, Mather e Anderson encontraram indícios de que o polvo transmite traços de sua personalidade à cria. "Essas variações de personalidade permitem que o animal aprenda e se adapte rapidamente", afirma a investigadora.

5. Mestre do disfarce

A corrida evolutiva levou animais a desenvolverem muitas maneiras ardilosas para enganarem-se uns aos outros: das serpentes que se fingem de mortas para evitar serem caças a peixes machos que se passam por fêmeas para aumentar as chances de se reproduzirem.
Mas dentre todos os malandros da natureza, o polvo-imitador (Thaumoctopus mimicus) deveria levar o título de "mestre dos disfarces".
Outros polvos podem mudar a cor e a textura da pele para evitar os predadores. Mas o imitador é o único que já foi observado tentando passar-se por outros animais. Ele pode mudar a sua forma, os seus movimentos e o seu comportamento para ser confundido com 15 espécies diferentes, de peixes a serpentes marinhas venenosas.

6. Craque dos problemas

Polvos são capazes de usar a tentativa e erro para encontrar a melhor maneira de conseguirem o que querem.
Num estudo publicado em 2007, Mather e Anderson observaram polvos gigantes tentando chegar à parte comestível de diferentes tipos de mexilhões usando recursos como quebrar ou separar as conchas, ou ainda usar sua rádula para perfurar as cascas mais resistentes.
Os cientistas então costuraram os mexilhões e perceberam que os polvos trocaram de técnica. "Isso mostrou-nos que esses animais são muito bons em resolver problemas, pois têm diversas estratégias para atingir o mesmo objectivo, e utilizam primeiro a que for mais fácil", diz Mather.

7. Bem orientado

Durante uma pesquisa de campo, Mather observou que, depois de saírem para caçar, os polvos voltavam a suas tocas por outro caminho. Eles também visitavam áreas diferentes em cada caçada.
Num estudo publicado em 1991, ela concluiu que os polvos têm uma capacidade de memória complexa. Eles conseguem  lembrar-se dos locais onde há alimentos e retêm informações sobre os lugares que visitaram recentemente. Trata-se de algo que apenas nos animais cordados (dotados de espinha dorsal).

8. Como nós

Em muitos aspectos, o cérebro do polvo é como o nosso. Eles têm lóbulos torcidos, semelhantes aos cérebros dos vertebrados, o que é um sinal de complexidade.
Além disso, os padrões eléctricos gerados nos cérebros desses cefalópodes são semelhantes aos dos mamíferos.
O polvo também tem uma visão monocular, algo que tende a ocorrer em espécies cujos hemisférios cerebrais têm especializações diferentes.
O cefalópode até armazena memórias de maneira semelhante ao ser humano, usando um processo chamado de potenciação de longo prazo, que fortalece as ligações entre os neurónios.
Mas as diferenças entre o polvo e o homem são ainda mais fascinantes do que as semelhanças. Mais da metade dos 500 milhões de neurónios do animal concentram-se nos seus tentáculos. Isso significa que cada um deles pode agir sozinho ou em coordenação com os demais.
E, enquanto o cérebro humano é visto como um controlador central, a inteligência do polvo pode estar distribuída numa rede de neurónios, um pouco como a internet.
Se isso for provado, Inky e os seus parentes podem obrigar-nos a ver a essência da inteligência de uma maneira totalmente nova.
Fonte: BBC




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