segunda-feira, 7 de março de 2016

Boyan Slat. O miúdo holandês que quer salvar os oceanos


Aos 21 anos, o estudante de engenharia aeroespacial pode ter encontrado uma solução para os milhões de toneladas de plástico à deriva nos oceanos.

Boyan Slat, holandês, tem apenas 21 anos, mas arrisca ver o seu nome impresso nas páginas da história da preservação ambiental por ser o homem (o jovem?) que vai libertar os oceanos das ilhas de plástico do tamanho de países inteiros. Slat tinha 19 anos quando encontrou uma solução para este problema e, passados dois anos, já conseguiu reunir milhões de euros para o seu projecto.
No seu twitter, Boyan partilhou o vídeo de uma entrevista que deu ao “Huffington Post” em que explica como tudo começou. Numa mistura de Frodo Baggins com Samwise Gamgee, com um toque de cantor de rock, o agora estudante de Engenharia Aeroespacial conta que foi na Grécia que se apercebeu do problema. “Tinha 16 anos e estava a fazer mergulho, e dei-me conta de que me deparei com mais plástico do que com peixe. Na altura, pensei: ‘Porque não podemos simplesmente limpar isto?’” A pergunta, quase ingénua, já tinha sido feita por cientistas, investigadores e tantas outras pessoas incomodadas com a dimensão que o problema estava a tomar: milhões e milhões de toneladas de plástico que flutuam à deriva no mar e que assinalam a marca negra do impacto humano no meio ambiente.
 
“A corrente não é um obstáculo” Até Boyan Slat, ninguém tinha encontrado uma solução que parece ter tanto de simples como de eficaz. “Desenvolvi este sistema passivo que está ligado ao fundo do mar e permite ao oceano limpar-se a si mesmo.”

Demasiado simples? Expliquemos. 
O estudante desenvolveu uma tecnologia que aproveita as correntes marítimas e, usando um sistema de drenagem gigante – uma espécie de peneira montada em linha, em pleno oceano –, retira do mar os pedaços de plástico que acompanham as tais correntes. “A maior parte do plástico ainda tem uma dimensão considerável e não se fragmentou em partículas de microplástico, o que significa que é, na verdade, mais fácil de limpar do que imaginávamos e que podemos limpá-lo antes de se transformar naquelas partículas de microplástico bastante perigosas”, explica Boyan. Depois de recolhidas, essas toneladas de plástico são encaminhadas para um centro de transformação para que possam voltar a ser utilizadas.
“A maior limpeza da história” Boyan recusou sempre a ideia de que não havia nada a fazer ao plástico que já tinha chegado ao oceano. Quanto mais lhe diziam que a única solução seria evitar que novos produtos fossem parar aos oceanos, mais o jovem inventor se convencia de que estava no caminho certo para contrariar a teoria vigente.
O primeiro passo do projeto vai ser dado no terreno já este ano, ao largo do Japão. Mas antes disso, a equipa de engenheiros vai estrear a barreira de limpeza na costa da Holanda – não foi essa a casa de Boyan? –, aproveitando para testar a tecnologia. O contacto com condições reais vai ser fundamental para avaliar a resistência das barreiras, um dos mais críticos elementos do sistema. O relógio está em contagem decrescente até ao próximo mês de Junho.
E a empresa que Boyan fundou não põe o desafio em termos pequenos. Será a “maior limpeza da história”. De acordo com os dados disponibilizados por The Ocean Clean Up (A Limpeza do Oceano), usando os meios actualmente disponíveis seriam precisos 79 mil anos para livrar os oceanos de todos os detritos existentes. Boyan Slat diz que, com o modelo que desenvolveu, esse trabalho pode ser feito em 20 anos. Esse objectivo deixou de ser a irreverência de um jovem holandês para passar a ser olhado como algo muito mais sério. Em dois anos, Boyan juntou cerca de dois milhões e meio de euros através de uma campanha de crowdfunding.

A grande conquista, se tudo correr como esperado, será avançar em força em 2020. A grande ilha de plástico do Pacífico – um dos piores registos de concentração de plástico do mundo – é o foco principal, que Boyan Slat espera ver livre de detritos em dez anos.
 
O ponto de viragem Mas para chegar ao lançamento do projecto, Boyan teve de fazer a travessia do deserto.
Um miúdo de 16 anos a bater de porta em porta para chamar a atenção dos grandes investidores para o seu projecto de salvação dos oceanos? Tinha tudo para dar mau resultado. E deu. “Não”, “não”, “não” e “não” foi a resposta que ouviu quase até à exaustão. Quase.

Só quando o estudante conseguiu os primeiros cinco minutos de fama, em 2013, na TEDx , a sua sorte mudou, com a intervenção que fez a tornar-se viral. Foi aí que começou a campanha de recolha de fundos e, em duas semanas, Boyan conseguia reunir quase 100 mil euros.
Fonte: Ionline

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