domingo, 31 de janeiro de 2016

Investigador do CCM desvenda genoma de Planta Marinha.


Este é considerado pelos cientistas um primeiro passo no estudo das redes genéticas e no cruzamento da ecologia e evolução destas plantas, que são extremamente importantes na gestão da orla costeira, e que têm sido ameaçadas em diversos ecossistemas pelas alterações climáticas.
A sequenciação do genoma da Zostera marina vem revelar algumas das alterações evolutivas que ocorreram durante a migração e adaptação dos ancestrais destas plantas do ambiente terrestre para o marinho.
Das centenas de milhares de espécies de plantas actualmente existentes no mundo, só cerca de 50 colonizaram o mar, as ervas marinhas, o único exemplo de plantas que conseguiram evoluir transitando com sucesso para uma vida permanente debaixo de água salgada.
As ervas marinhas são a base de produtivos ecossistemas costeiros, em todo o mundo, propiciando a existência de áreas que funcionam como berçários de peixes e outros organismos; contribuindo para a estabilização e protecção da orla costeira em relação à invasão do mar e cumprem ainda um importante papel na manutenção da qualidade da água e na remoção e armazenamento de carbono da atmosfera em níveis comparáveis às florestas tropicais.
De entre as ervas marinhas, a Zostera marina, é uma das espécies com maior distribuição mundial, formando extensas pradarias desde as águas do Árctico até ao sul de Portugal no Atlântico NE.
Um dos objectivos desta investigação é desvendar a carga genética que possibilita à Zostera florescer em ambientes tão diversos, demonstrando uma capacidade elevada de adaptação e tolerância a águas com elevada salinidade.
Conforme explica Gareth Pearson, investigador do CCMAR que participa neste estudo, «um dos sinais chave desta adaptação a águas com muita salinidade, parece residir numa parede celular muito específica da Zostera, que é fora do normal, mesmo para plantas aquáticas, apresentando características semelhantes às das algas».
O estudo que a Nature publica traz ainda novos dados, ao considerar que a Zostera, nesta migração para o ambiente marinho, perdeu os estomas, estruturas usadas nas plantas terrestres para as trocas gasosas da fotosíntese.
Ao analisar o genoma, os cientistas sabem agora que os genes responsáveis por produzir estomas se perderam, o que torna impossível o retorno destas plantas ao ambiente terrestre.
Há ainda outros dados revelados no estudo: alguns genes não foram identificados na Zostera, nomeadamente os responsáveis pela produção de sinais voláteis (a hormona etileno) que controlam tipicamente muitos processos de desenvolvimento em plantas, assim como um número de compostos tóxicos, designado por terpenóides que funcionam como insecticidas, detendo insectos predadores e patogénicos.
Gareth Pearson trabalha no CCMAR com uma equipa que realiza estudos e transplantes para recuperação de pradarias de Zostera que se perderam como resultado da acção humana e da pressão costeira, em zonas como a Arrábida.
Um dos projectos mais bem sucedido nesta área foi o Life-Biomares, que se desenvolveu no Parque Marinho Professor Luiz Saldanha e possibilitou o repovoamento desta zona com pradarias marinhas, a partir de outras zonas dadoras de ervas marinhas.
Este estudo vem trazer um conhecimento mais aprofundado da variação adaptativa e potencial destas plantas, ajudando a promover a reflorestação de ecossistemas baseados em ervas marinhas, tão importantes para a qualidade ambiental e riqueza em biodiversidade dos ecossistemas da costa portuguesa.
Fonte: Barlavento

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