segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

O Declínio do Transporte Marítimo



É oficial. Ninguém pode dizer o contrário. O Transporte Marítimo saturou tanto, que entrou numa fase de declínio de onde deverá sair lentamente até 2018. A inauguração de novos navios, cada vez maiores, na sua dimensão e capacidade levou a uma enorme sobre-procura que inundou o mercado e o levou a estagnação. Os maiores armadores mundiais, andam em contenção de custos, redução de investimento e em certos casos em despedimentos. As alianças entretanto formadas, reduziram os custos, mas de certa forma também reduziu a autonomia de cada armador. Desde 2014 para cá, já fecharam 43 Terminais Portuários, sendo que dos últimos que fecharam, dois pertenciam a PSA Internacional ( Que opera em Sines ), e outro pertencente ao grupo Yildirim ( Que opera agora em vários Terminais nacionais, Lisboa incluída). Apesar do Transporte Marítimo de Contentores, ser o principal meio de transporte à nível Mundial, as crises cíclicas vem acontecendo de há anos para cá. Em 2009, 2012 e agora em 2015, os ciclos vão-se sucedendo, fazendo com que o mercado se tenha de redimensionar a cada ciclo de crise. Mas o futuro não augura nada de bom. A tendência dos concessionários portuários para a inovação, para o futuro da automatização, irá criar não só um novo paradigma, em que o meio automático será preferível que o meio humano, tornando os terminais mundiais em terminais sem vida, sem a componente humana, tornando-se quiçá numa qualquer cena de um filme futurista. A enorme pressão para conter custos, não só devido à enorme questão da oferta, irá fazer com que seja cada vez menos necessário a figura do Estivador, querendo esta nova mentalidade quase que extinguir aquele que foi o principal alicerce no crescimento do sector portuário. Chegamos a 2015, não com uma visão mais positivista deste Sector, mas com quase a certeza de que ao aumentar a oferta e a diminuir a procura, ao querermos automatizar em vez de incentivar o potencial humano, irá levar a um novo modelo de gestão que não beneficiara ninguém, ao não ser os interesses dos grupos portuários, cansados de ter de lutar contra uma classe laboral de valor e de trabalho. É o futuro dirão uns. É um retrocesso social que irá levar ao despedimentos ( Ainda mais do que tem existido ultimamente). Sem navios e movimentação, não há lucro. Sem investimento, não há crescimento. Sem todos estes factores, o sector dispersa e decresce. Será que queremos um futuro brilhante? Ou será que queremos um futuro frio? 
Em Portugal, o futuro é ainda incerto. Ainda tem de clarificar o seu caminho. Mas é cada vez mais complicados para os concessionários lutarem contra a concorrência barata e quase desleal. Lisboa é um Terminal com futuro muito incerto, apesar do investimento milionário proveniente da Turquia. Em Sines, também afectada pela conjuntura global, também afundou, tendo ainda de lutar com a concorrência feroz do Transhipment proveniente do Norte de África. Os restantes terminais também com os seus problemas, nomeadamente a sua reduzida dimensão, hinterlands de baixo rendimento e estratégia sem sentido, com uma excepção clara de Setúbal, que tem tido o engenho de reinventar-se de modo a surgir como uma alternativa muito credível à Lisboa. Uma coisa temos a certeza. Quando a Economia Global reacender, a Economia do Mar irá recuperar. Mas que estragos irá existir até voltarmos ao crescimento ?

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