sexta-feira, 17 de abril de 2015

Expedição cruzará o mundo para pesquisar poluição em Oceanos


Percorrer mais de 40 mil milhas náuticas em menos de um ano a bordo de um pequeno veleiro: não se trata simplesmente do último desafio de um aventureiro, mas de um ambicioso projecto de uma fundação suíça para investigar a poluição com plásticos que afectam os oceanos do planeta.
Baptizada como "Race for Water Odyssey", ou R4WO, a travessia partiu em 15 de Março do porto francês de Bordéus e acaba de completar sua primeira parte em Nova York, após atravessar o Atlântico com paradas nos Açores e nas Bermudas.
Seu objectivo é recolher, no menor tempo possível, dados sobre a concentração de plásticos nos mares de todo o mundo e, dessa forma, chamar a atenção para o problema e impulsionar soluções para acabar com este problema.
Segundo dados científicos, a cada ano 10% da produção global de plástico termina no mar, onde 80% da poluição está vinculada a este tipo de material.
"Estamos diante de um enorme problema ambiental, talvez o maior que enfrentamos", disse em sua chegada a Nova Iorque, o líder da expedição, Marco Simeoni, um bem-sucedido empresário suíço que é o principal impulsor da iniciativa.
Como símbolo da urgência, mas também para acelerar as pesquisas, Simeoni e os seus cinco companheiros viajam a bordo de um rapidíssimo catamarã de 21 metros de comprimento, capaz de alcançar os 43 nós de velocidade.
"Para fazer a mesma viagem com um barco normal necessitaríamos de dois ou três anos", explicou à Agência Efe o navegador suíço, que ressaltou que é necessário actuar "agora" para conter a poluição marinha.
Simeoni lembrou aos jornalistas que "os plásticos existem há 60 anos e hoje todos os oceanos estão poluídos por eles", enquanto o problema não deixa de aumentar.
A sua expedição decidiu concentrar-se em pesquisar o acumulado de plásticos em ilhas situadas nos chamados "cinco vórtices" oceânicos, áreas nas quais fortemente se concentra a poluição arrastada pelas correntes marinhas.
A pesquisa é feita através da recolha de amostras em praias e o registo da presença de plásticos nas superfícies com a ajuda de um pequeno "drone" que sobrevoa de forma autónoma e tira fotografias de altíssima resolução, que depois são analisadas por cientistas de duas universidades que colaboram com o programa.
A aposta da R4WO conta com o apoio de, entre outros, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que considera a iniciativa uma forma "inovadora e excitante" de tratar o "enorme problema que os restos de plástico no mar representa para o mundo", explicou em Nova Iorque, a sua directora para a América do Norte, Patricia Beneke.
"É um problema imenso e a cada ano é maior", disse Beneke, ressaltando os danos que os plásticos causam nos ecossistemas marítimos, mas também as consequências económicas que têm para a pesca, para o transporte marítimo e para as zonas litorais que devem-se ocupar da sua limpeza.
Após deixar Nova Iorque, a expedição se dirigirá ao sul, cruzando pelo Panamá rumo ao Pacífico e fazendo uma escala no porto chileno de Valparaíso, antes de visitar a Ilha de Páscoa e Havaí.
Desse ponto, os investigadores navegarão até Tóquio, Xangai e Singapura, para depois analisar outra área de ilhas no sul do oceano Índico e voltar ao Atlântico após uma paragem na Cidade do Cabo.
A R4WO estudará o "vórtice oceânico" do Atlântico Sul com uma escala no arquipélago de Tristán de Acuña e depois se dirigirá ao Rio de Janeiro, de onde iniciará o retorno à França, que incluirá uma escala em Cabo Verde.
Trata-se de uma volta ao mundo contra o relógio,em que os navegadores esperam terminar antes do final do ano, e que, apesar da beleza de muitas das áreas que visitará, não é uma viagem de prazer.
"Isto não é um cruzeiro, é mais um sofrimento quando olhamos para o barco. Não há banheiros, só há dois beliches que têm que ser partilhado por seis pessoas e os nutrientes que levamos a bordo só poderiam ser considerados comida por um astronauta", explicou o assessor da expedição, Franklin Servant-Schreiber.
Fonte: Exame

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